Psicóloga Rosely Sayão ensina a evitar problemas na escola
Rosely Sayão
Fonte: Blog da Rosely Sayão; Folha de S. Paulo
Cartoon: Noticiência Digital
Cartoon: Noticiência Digital
Muitos pais pedem providências da escola porque o filho passou por
alguma situação problemática. Há dois temas que são campeões dessas
solicitações: o bullying e os furtos. Acostumamo-nos a usar o termo
bullying, mas um leitor reclamou desse uso, creio que com razão. Temos
várias palavras em nossa língua que dão conta desse fenômeno e vou
escolher uma delas: intimidação.
Os pais precisam saber que, apesar de essas situações ocorrerem
principalmente na escola, eles podem atuar para reduzir sua incidência. A
primeira coisa importante a saber é que os pequenos furtos que ocorrem
na escola -em todas elas- não são atitudes de "alunos problemáticos" que
não recebem uma boa educação em casa, que têm carências etc. São fruto
do consumismo que temos praticado e ensinado aos mais novos. Qualquer
criança, portanto, pode cometer um pequeno furto por um querer exagerado
e incontrolado de ter algo.
Os pais têm contribuído muito para que as tentações na escola sejam
irresistíveis para essa geração que tem aprendido que ter é ser. Mandam
seus filhos para a escola carregados de eletrônicos: telefone celular
com vários recursos diferentes, videogame portátil, iPod etc.
E o que dizer do arsenal de canetas diferentes, lapiseiras, réguas e
outras quinquilharias que recheiam as enormes mochilas que eles
carregam? Pois a primeira contribuição que os pais podem dar é a de
evitar que seu filho leve para a escola todas essas bugigangas, que,
aliás, atrapalham a concentração exigida pelo estudo. Para a escola, os
alunos deveriam levar materiais simples para que saibam que a
aprendizagem é o que importa.
Não podemos desvalorizar esses furtos quando o objeto é de pequeno
custo nem valorizá-los em demasia porque é valioso. Todos devem ser
tratados da mesma maneira, já que se trata de educar as crianças.
Quanto à intimidação, ao assédio, às provocações que ocorrem entre
crianças e jovens, precisamos considerar a responsabilidade que nos
cabe. Valorizamos muito a competição, os vencedores e os poderosos, não
é? Acreditamos que as crianças devem se relacionar preferencialmente
-quando não exclusivamente- com os de mesma idade e, desse modo, não
ensinamos o respeito aos mais velhos e os cuidados com os mais novos.
Pois as condutas deles seguem o que ensinamos.
Na verdade, poucos pais têm se preocupado com a educação moral de
seus filhos, com o ensinamento das grandes virtudes -como a
generosidade, a polidez, a humildade, a simplicidade, a compaixão, a
coragem. Esta última, por sinal, tem sido bem desvirtuada, já que as
crianças acreditam que é preciso coragem para pegar algo que não é seu e
para brigar.
Os pais devem considerar que seus filhos não são apenas alvo de intimidação: muitas vezes são agentes dela. É bom lembrar que os papéis na escola circulam entre os alunos, não são fixos. Por isso, além de exigir um trabalho educativo primoroso da escola referente aos furtos e à intimidação, os pais têm o dever de ensinar seus filhos a serem morais e virtuosos.
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Os pais devem considerar que seus filhos não são apenas alvo de intimidação: muitas vezes são agentes dela. É bom lembrar que os papéis na escola circulam entre os alunos, não são fixos. Por isso, além de exigir um trabalho educativo primoroso da escola referente aos furtos e à intimidação, os pais têm o dever de ensinar seus filhos a serem morais e virtuosos.
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Rosely Sayão toca em pontos muito importantes no texto
"Intimidação e furto na escola". Ao falar abertamente de situações tão
complicadas e, mesmo assim, tão comuns no ambiente escolar, a
psicóloga promove uma reflexão sobre a importância dos exemplos que
damos a nossos filhos.
As crianças absorvem valores o tempo todo para formarem seu
caráter e personalidade. Estamos transmitindo valores pautados na ética e
na moral em nossas ações do cotidiano? Esta leitura indispensável nos
ajuda a responder a esta e outras perguntas tão importantes para a
formação de nossos pequenos.
Um abraço.
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